NathSchneider
Os morros que enfeitam o horizonte da Vila Schirmer parecem abraçar as crianças que compõem o projeto de teatro e dança As Estrelas do Bairro. Os atores têm de 11 a 14 anos e ensaiam desde março, junto ao grupo de dança, para apresentar a peça O Reino de Bololândia de Cenouras.
Ao todo, são 15 estrelas prontas para levarem o talento para o palco do Espaço Cultural Victorio Faccin. A primeira apresentação ocorre neste domingo, 28, a partir das 17h, de graça. Em breve, vão ocorrer mais duas apresentações em escolas da rede pública, ainda sem data marcada.
Confira a sinopse da peça
Num reino muito distante, uma rainha tirana chamada Egoistina XII, tem para si todo o estoque de farinha e cenoura do reino. Certo dia, uma Boleira e um Sopeiro vão pedir para a rainha mais mantimentos para continuar fabricando suas guloseimas. Entretanto, a rainha incita uma competição entre os dois e quem trouxesse a comida mais gostosa ganharia todo o estoque, mesmo não precisando. Ao final, as duas se unem contra a rainha tirando ela do poder e criam uma nova delícia: o Bolo de Cenoura, mostrando que a união traz a descoberta de coisas inovadoras. O projeto conta com o apoio do Ministério do Turismo – Secretaria especial da Cultura por meio da Lei Rouanet, com o patrocínio da Minami Motors, a produção da Casa das Artes e da Ong Nossa Vida, Sua Vida.
Leia também
Espetáculos, shows e brechós: confira as dicas para curtir o fim de semana em Santa Maria Evento no fim do ano deverá marcar a reabertura do Parque Oásis, em ItaaraOrquestra Sinfônica de Santa Maria apresenta Gala Lírica no Centro de Convenções da UFSM
Quem vê as estrelas na sala alugada pela ONG na Vila Schirmer, não imagina quantas pessoas estão envolvidas para dar vida ao projeto. Uma delas, que incentivou a atitude de levar o brilho para além da Vila Schirmer, foi o professor de teatro Marcos Caye Lara, que inscreveu o projeto no edital da Lei Rouanet.
A iniciativa As Estrelas do Bairro é uma das ramificações da ONG Nossa Vida, Sua Vida, que atua há mais de 15 anos na Vila Schirmer, idealizada por Vera Lucia Medianeira Oliveira Pinto.
Leia mais
Revista Mix: As trajetórias que são tocadas pela ONG Nossa Vida, Sua Vida
Marcos deu aulas de teatro para que as crianças pudessem se divertir e ter segurança na hora de subir ao palco com som, luz e todos os outros elementos cênicos. Como escritor e diretor da peça que visita o imaginário infantil, o professor ressalta a criatividade dos atores no momento de repassar o texto:
– O texto foi escrito por mim mas é maleável e tem muito da criação deles. Conforme o contexto e as criações que eles me trazem, a gente modifica a estrutura e cria novos elementos.
Além do incentivo de Marcos, a professora de dança, Djenifer Nascimento, também contribuiu com o espetáculo. Ela atua no projeto Super Ação Através da Arte, que faz parte da ONG Nossa Vida, Sua Vida e percebe a importância do empoderamento artístico das crianças:
– Desenvolvemos uma coreografia de funk, com o passinho, baseado nas vivências do bailarinos com o aplicativo Tik Tok. O espetáculo traz a narrativa em um contexto de rainhas, bobos da corte e castelos, mas busca dialogar com a contemporaneidade. Na peça, o Bobo da corte, a fim de entreter a rainha, canta rap e os bailarinos dançam. Eles adoram Tik Tok, funk e hip hop, então, por que não trazer isso para a cena?
Como as Estrelas começaram a brilhar no Bairro
Nathalia, a Boleira
Nathalia interpreta a boleira do espetáculo e já participa da ONG há mais de 3 anos. Ela também realiza as oficinas de dança, pela qual já viajou e concorreu em festivais, mas essa é a primeira vez que ela vai se apresentar pelo teatro. O convite para participar do Nossa Vida, Sua Vida surgiu na escola e, segundo a avó, Ana Jara Freitas, a rotina da neta mudou para melhor depois que ela começou a participar das atividades:
– Antes, a rotina dela era escola, almoço, estudos, brincadeiras e celular. Melhorou bastante quando surgiu a ONG, porque aqui somos só eu, o avô dela e a mãe dela. Só tem ela de criança. Ela se enturmou com colegas e lá eles dançam bastante, brincam e viajam também. Ela fica menos no celular e, se dependesse dela, ia para ONG todos os dias – conta a avó de Nathalia, que também começou a participar das atividades da ONG por influência da neta.
Walter, o Bobo da Corte
Walter interpreta o Bobo da Corte que canta, dança e faz graça para a Rainha Egoistina rir. Segundo a mãe dele, Débora Viviane Nascimento, eles ficaram sabendo da ONG por serem vizinhos de Vera. Ela percebe que, além de ajudar toda as crianças a se desenvolver com as oficinas, a ONG também ajuda toda a comunidade.
– Quando meus três filhos tinham dificuldade na escola, sempre ofereceram reforço escolar, além das oficinas de teatro e música. Sem falar na ajuda na alimentação que eles proporcionam. Sempre estão buscando recursos para ajudar a comunidade. E sobre o Walter, o professor já me pediu para não tirar ele do teatro porque ele se dedica e representa bem os papéis. As partes que ele mais desenvolveu foram na área do teatro e do judô – conta Débora.
Leia também
Coletivo Memória Ativa é tema de programa produzido por alunos da UFNSanta-marienses prestigiam o Festival de Cinema de GramadoFilme nacional e terror sucesso de crítica estão entre as estreias do cinema em Santa Maria
Andrysse, a Rainha
Andrysse tem 12 anos e participa das atividades da ONG desde os 7. Ela começou na percussão, depois veio a aula de reforço, dança e teatro. Neste domingo, ela vai representar a Rainha Egoistina XII no espetáculo.
– Além de fazer as aulas aqui, ela ajuda no final de semana que tem risoto solidário. No dia das mães, nas comemorações… Ela é que nem eu, podendo participar e ajudar, ela ajuda. E como eu sempre fui pai e mãe da Andrysse, do Andrian e do João Pedro, o projeto sempre me ajudou, desde que meus filhos eram pequenos. Eles me ajudam até com cesta básica e eu só tenho a agradecer. Prefiro que meus filhos estejam dentro do projeto do que na rua por aí – comenta Elisandra Mattos, mãe de Andrysse.
Luiz Henrique, Bailarino
O impacto social e humano do projeto é visível e se confirma nos depoimentos dos responsáveis pelas crianças. As melhorias refletem até na saúde, como o caso de Luiz, que interpreta um dos bailarinos da Rainha e começou a frequentar a ONG a convite da coordenadora Vera. Recentemente, ele participou da 18ª edição do Dança Bagé e se destacou na categoria Dança Contemporânea Solo, na qual levou o terceiro lugar. A mãe dele, Alcione, comenta que as oficinas ajudam inclusive no tratamento de hiperatividade e déficit de atenção:
– Agora, ele se concentra mais na aula, só recebe elogios na escola e no projeto. Ele tinha dificuldade até para dormir e, agora, volta da aula e descansa.
Agende-se
O quê – O Reino de Bololândia de CenourasOnde – Espaço Cultural Victorio FaccinQuando – Domingo, 28 de agosto, às 17hQuanto – De graçaAutor e Diretor – Marcos Caye LaraElenco – Andrysse Araújo da Silva (Rainha Egoistina), 12 anos; Nathalia Freitas Trindade, 12 anos (Boleira), Ruan Gomes Cardoso (Sopeiro), 11 anos; Walter Nascimento (Bobo da Corte), 12 anos; Maria Paula Cezar Ribeiro (Guarda), 14 anos.Dança – Verônica Machado Lopes, Arthur Mascardim Freitas de Oliveira, Jordana Pantaleão dos Santos, Sarah Kalli Godinho, Sophia Santos dos Santos, Lauryane Castro, Helena Souza, Luiz Henrique Margarida Felipe, Leticia Maciel e Francielly Cavaleiro. Coreógrafa – Djenifer NascimentoProdução – Casa das Artes e da Ong Nossa Vida sua Vida
Leia mais notícias de Cultura